É a mulher um mar só tempestade,
uma volúvel vela a todo o vento,
um cometa de fácil movimento,
no rosto sol, na alma lua em quantidade.
Fé de inimigo, sem qualquer lealdade,
breve descanso e imortal tormento;
ligeira mais que o próprio pensamento,
pra suportar um peso, e crueldade.
É mais que víbora arrogante e fera;
pra seu prazer, de cera derretida,
e pró alheio mais dura do que palma;
cobre dentro, que fora outra tempera,
e é um doce veneno para a vida,
que nos mata sangrando-nos a alma.
Juan de Tassis, conde de Villamediana
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