31 dezembro, 2008

Frase da Semana

“(…)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez, sem preparação. Como se o ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo “esboço” não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro(…)”

Milan Kundera, escritor tcheco

28 dezembro, 2008

Crise Econômica - 1

A crise pode ser explicada de várias formas, mas com certeza a impreensa nacional costuma complicar, para facilitar a sua vida, o Diário de um Workaholic traz a você a compilação de duas reportagens:

O jeito complicado de se explicar a crise:

Dicionário de Jargões da Crise, um especial do estadão.

alavancagem, desalavancagem
Alavancagem é a obtenção de recursos para negociar ativos (ver ativos) e derivativos (ver derivativos) por um valor maior do que o seu patrimônio pode cobrir. Em outras palavras, é quando você investe mais do que você tem. Assustador, não? Pois é rotina no mercado financeiro. Um banco conservador tem US$ 1 de patrimônio para cada U$ 10 investidos. Para os mais arrojados, a relação vai a US$ 1/US$ 30. É a estratégia de cinco entre cinco bancos de investimento (ver bancos de investimento).
Desalavancagem é o contrário: é quando o investidor se desfaz de empréstimos e obrigações com o objetivo de reduzir a relação entre seu investimento e seu patrimônio.

economia real
sequer investiu; enfim, quando uma crise financeira rompe a bolha de Wall Street, é que chegou à economia real.
Os efeitos mais sentidos da atual turbulência é a escassez de crédito, a queda no preço das commodities (ver 'commodities') e maxidesvalorização (ver 'máxi') de moedas frente ao dólar.

securitização
empréstimos em aplicações que podem ser negociadas no mercado financeiro. Seu propósito é pulverizar os riscos, minimizando-os. Mas esta crise tem demonstrado que a securitização indiscriminada, com fins de especulação, pode provocar o efeito contrário, multiplicando os riscos. Foi justamente o que aconteceu com o mercado de subprime (ver 'subprime')

máxi
maxidesvalorização. Nomeia a abrupta queda do valor de moedas de todo o mundo frente ao dólar. No Brasil, a cotação da moeda americana saltou de R$ 1,56 para mais de R$ 2 em apenas dois meses.
A desvalorização do real deveria deixar exportadores bastante felizes. Mas deu-se o contrário. É que muitos haviam apostado no real forte em operações altamente especulativas conhecidas como venda de opções de compra (ver 'mercado de opções'): captaram mais dólares do que precisavam, trocaram em reais no Brasil e apostaram no mercado futuro que a cotação não passaria de (exemplo real) R$ 1,8, com a expectativa de lucrar com o juro alto. Agora estão ameaçados de ter de vender dólares ao teto combinado de R$ 1,80, mais de 10% abaixo da atual cotação.

negative feedback loop
Traduz-se por 'circuito de retroalimentação negativa'. Também conhecido como pânico: é quando todos os operadores parecem vender tudo que tem para fugir do mercado

papel podre
É o pária do mercado financeiro: títulos que não tem credibilidade e por isso não encontram comprador, por mais que se desvalorizem. Alguns dos exóticos títulos lastreados em hipotecas (ver 'subprime') que inundaram o mercado e arrastaram grandes bancos de investimento (ver bancos de investimento) para o centro da crise são os papéis podres da vez. São estes títulos que governos de todo o mundo estão inclinados a comprar, para injetar liquidez (ver 'liquidez') nos mercados.

derivativo
nome. Uma ação, que é um ativo, pode ser comprada e vendida no mercado à vista. Já o direito de compra desta ação a um certo valor até uma certa data é um derivativo. Esta operação não envolve necessariamente a ação, mas sim a opção de comprá-la ou vendê-la. Transações deste tipo são realizadas no mercado futuro ou no mercado de opções (ver 'mercados').

circuit breaker
eduzir a volatilidade durante o pregão. É disparado quando a variação nos preços dos papéis excede algum limite pré-estabelecido - que varia de bolsa para bolsa.
Em São Paulo, o 'circuit breaker' será acionado sempre que índice registrar uma queda superior a 10% em um mesmo dia. O objetivo é conter o pânico. Ironicamente, em tempos de crise, o circuit breaker tem sido tomado ele próprio como mais um ingrediente do pânico.

liquidez
quem quer vendê-lo, compromete toda a rentabilidade. Uma ação, a rigor, é líquida: salvo cláusula contratual, pode ser vendida diariamente no mercado. Mas, como certos imóveis, a necessidade de vendê-la por significar prejuízo. Daí que, regra geral, ação é um investimento para quem tem certo fôlego financeiro e pode esperar a melhor hora pelo melhor retorno.

hedge, fundos de hedge
brasileiras abandonasse o hedge cambial, mas a disparada da moeda americana já provoca uma reversão.
Fundos de hedge, a rigor, são os que se dedicam a intermediar e administrar este tipo de operação. Mas isso nem sempre significa proteção. Ao contrário. É uma atividade de grande risco, na medida em que envolvem alta alavancagem (ver 'alavancagem'), baixo capital inicial e muita venda a descoberto (ver 'vendas a descoberto').

subprime
Durante os anos de juros baixos, os americanos aproveitaram para refinanciar suas casas, levantar dinheiro e até adquirir outras, aumentando o patrimônio. Quando os juros subiram, como forma de conter o consumo e a inflação, as parcelas do financiamento das casas começaram a subir - e muito rapidamente para quem havia utilizado as linhas subprime. O resultado foi a inadimplência generalizada. Até aqui teríamos apenas o estouro de uma bolha imobiliária. Mas a quebradeira logo chegou ao mercado financeiro, uma vez que estes créditos de risco já há muito circulavam na ciranda financeira (ver 'derivativos')

à vista, a termo, opções
venda de um ativo em uma determinada data ou período. Por exemplo: se um investidor acha que um determinado papel vai subir muito no futuro, ele pode tentar adquirir o direito de compra deste papel a um certo valor. Se de fato o preço subir, ele pode exercer sua opção e adquiri-lo pelo valor acertado. Resta claro que o risco de vender um opção de compra é sempre maior que o de adquiri-lo. Por isso, os compradores, exercendo ou não sua opção, pagam sempre um prêmio ao vendedor.

recessão, depressão
passo da recessão. Teme-se, na verdade, sua forma mais severa: a depressão, com impactos mais profundos e uma recuperação mais lenta. Não há definições técnicas para depressão, mas convencionou-se falar em queda de mais de 10% do PIB. Nestes termos, a última depressão que os EUA conheceram foi a famigerada Grande Depressão, nos anos 30 (ver 'crash').

passivo, ativo
Passivo são as dívidas e obrigações de uma empresa. Ativo é o patrimônio: bens, títulos, ações, moedas, ouro etc.

crash
Crash é de causar arrepios. Remete ao histórico colapso da bolsa de Nova York de 1929, a que se seguiu a Grande Depressão(ver 'depressão'), durante a qual 40% dos bancos americanos faliram, o desemprego atingiu 25%, as pessoas perderam seus depósitos, e as empresas, acesso ao crédito. À calamidade econômica, seguiu-se uma escalada totalitária que culminou na Segunda Guerra Mundial.
Porque a atual hemorragia nos mercados é tão intensa e vertiginosa quanto a do fatídico outubro de 1929, já há analista falando no 'Crash de 2008'.

swap cambial, swap reverso
recurso com o qual o Banco Central procura compensar a escalada do dólar. Os contratos de swap cambial equivalem a uma venda indireta de moeda e servem sobretudo para quem precisa se proteger da variação do câmbio. Nessa operação, as instituições que adquirem os contratos têm a garantia do BC de receber a variação do dólar no período do contrato – para cima ou para baixo. Em troca, têm de pagar juros de mercado ao BC.
Contratos deste tipo não eram oferecidos há dois anos. Nesse meio tempo, o BC praticou eventualmente a modalidade reversa do swap cambial: foi credor em dólar e devedor em taxa de juros. O objetivo era também reverso: compensar a queda abrupta do dólar.

default, swap de default
ver com a atuação do Banco Central no mercado de câmbio. O que trouxe este derivativo (ver 'derivativos') ao centro da crise é que há muito mais CDSs em circulação do que os títulos que eles deveriam cobrir. Trata-se de um mercado de dezenas de trilhões de dólares, pouco regulamentado, cujo vigor dependeu justamente da confiança de que não haveria calote...

vendas a descoberto
praças. Por meio das vendas a descoberta, operadores prometem vender no futuro algo que ainda não tem - e em geral nem prentedem ter. É uma aposta na queda do valor dos papéis. E é uma aposta arriscada: caso suba a cotação, a outra parte certamente vai exigir a entrega do papel, e o operador se verá obrigado a comprá-lo pelo preço de mercado.

commodities
diversos mercados. Exemplos: soja, café, milho, petróleo, ferro, alumínio, borracha, algodão etc. A atual turbulência financeira tem derrubado a cotação das commodities. A razão disso é que o provável efeito de uma crise desta magnitude é deprimir o consumo nos países mais ricos e, por conseqüência, a demanda por commodities. Tomados pela aversão ao risco, os investidores procuram então trocar seus investimentos em commodities pela segurança do dólar e dos títulos do Tesouro americano, os T-Bonds.
A queda no preço das commodities tem impacto direto na balança comercial do Brasil, uma vez que estão no centro da pauta de exportação, e também na Bolsa de São Paulo, via papéis das gigantes Petrobras e Vale do Rio Doce, entre outras.

bancos de investimento
Em 1933, durante a Grande Depressão, o congresso americano passou o Ato Glass-Steagall, que separou os bancos comerciais dos bancos de invesimento. A lei impedia o acesso a depósitos considerados seguros por parte de instituições financeiras envolvidas em transações de alto risco. Põe risco nisso. Nenhum dos gigantes do setor, alguns centenários, escapou da crise atual. O Lehman Brothers quebrou. O Merrill Lynch foi forçosamente vendido ao Bank of America. O Bear Stearns, ao JP Morgan. Goldman Sachs e Morgan Stanley, os últimos bancos de investimento independentes, solicitaram mudança de status, para holding bancárias. Serão sujeitas a uma regulamentação muito mais intensa, mas terão acesso aos depósitos considerados mais seguros.

A forma interativa e divertida de explicar a mesma crise:
Sequencia de três vídeos produzidos pelo Marcelo Tas, encomendados pela UOL

Tas na Crise 1: A Crise Vista do Taxi


Tas na crise - Episódio 2: Analistas 'chutam' previsões


Tas na Crise - Episódio 3: "A crise dentro da cabeça"

Crise Econômica - 2

Como havia prometido, resolvi escrever sobre a crise ecônomica.



Como todos nós, esquecemos do mundo neste fim de ano, é bom lembrar que o ano de 2009, será o pior ano para a economia global desde a Crise do pretróleo de 1973, sendo essa afirmação algo otimista, afinal existem analistas que colocam essa crise como a maior do capitalismo moderno.

Se ela será maior ou menor para o mercado global, não é o cerne dessa questão, mas quanto e como ela irá atacar o Brasil e o seu bolso, além do mercado de software, pois afinal é um dos motivos desse blog existir.



Vamos a alguns dados interessantes:

- Segundo o Departamento de Assuntos Sócio-Econômicos, Desa, das Nações Unidas o Brasil só crescerá em 2009 em média 0,5% (Este índice é relacionado ao PIB) .

- O Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que cresceremos 3%.

- O Desemprego está na casa de 7,5%, segundo dados de novembro em pesquisa realizada pelo IBGE, para destacar é menor índice do ano.

- Foram criadas apenas 61.400 mil novas vagas com carteira assinada em outubro, enquanto em setembro foram 282.841 mil .

- A inflação quase que dobrou em outubro, em relação a média dos dois meses anteriores, o indíce foi 0,45%.

- Para concluir as estatísiticas, fica o nosso superávit primário, que atingiu a casa de R$ 14,472 bi.



O que podemos avaliar sobre o impacto no Brasil, muito pouco. Afinal os índices são contraditórios, por isso mesmo devemos avaliar o terreno. Não devemos entrar em pânico, pois isso não ajudaria a economia nacional, mas devemos ter cuidado redobrado com as nossas economias e estarmos preparados para um ano mais complicado.



Se para o mercado em geral, a crise vai ser complicada, para o mercado de TI e softwares o campo ainda é mais arenoso. No campo otimista, mesmo a crise intensificando as empresas manterão seus projetos ou buscarão na TI e softwares formas de diminuir custos. No campo pessimista haverá cancelamento de projetos e as políticas de pleno emprego nos EUA e Europa, podem fechar um mercado que hoje é ocupado pelos indianos, que virariam seus planos de ação para os países emergentes como o Brasil.



Fim do mundo? Recessão? Ou sou uma ventania, que logo passará?

Depende como você estará preparado. A receita é a mesma de sempre:

1- Estude muito bem a sua empresa, pois mesmo que ela piore finaceiramente, apenas alguns serão demitidos.

2 - Trabalhe muito, é melhor forma de ser reconhecido.

3 - Guarde um pouco de dinheiro, o pior é uma das possibilidades.

4 - Fique atento as oportunidades, elas surgirão, mesmo que sejam em uma área distinta a sua.

5 - Não fique paranóico, não ajuda em nada.

25 dezembro, 2008

A Revolução dos Bichos, George Orwell


Pré-Comentários
Há algum tempo não tenho o prazer de discutir história com os amigos, a minha mudança de carreira me levou a um mundo bem distante daquele que estava a alguns meses, porém a frieza da mundo corporativo e tecnológico, não é nocivo aos meus instintos históricos. Continuo um diletante da história, displicente e fiel.

Após uma noite de natal, buscamos esquecer um pouco a rotina e através do humor, amigos ou preguiça nos embebedamos de falsas sensações. Como sou humano, estava eu em minha morada com aquela leve ressaca, quando a TV me surpreende com A revolução dos bichos, o filme baseado na obra homônima de George Orwell, e devo ao SBT o motivo deste post (pode!?)

Comentários
O filme se passa em uma fazenda da Inglaterra, mas poderia ser qualquer fazenda do mundo, uma fábula moderna recheada de referências aos movimentos políticos, sociais e econômicos europeus do fim do século retrasado e ínicio do século passado, pitadas de socialismo utópico e científico, fascismo, imperialismo e liberalismo são distribuídas por todo o filme. Porém qual a real importância desta obra? Qual o fio condutor da originalidade?

Quem acha que é utilizar os bichos para denunciar ações humanas, deve lembrar que Esopo e La Fontaine ou mesmo Bocage e Monteiro Lobato, ja faziam isso em seus textos de forma brilhante. Já quem supõe que é a crítica ferrenha ao stalinismo de forma sútil, deve ler os livros de Issac Babel e Milan Kundera. Então o que sobra?

A metodologia. O livro conta de forma didática, todo um processo histórico, que levou anos para se concluir, de uma maneira que encaixa-se nos momentos corretos: as situações e os personagens específicos em cada página do livro.

O líder utópico (Porco Velho Major), o sucessor prático (Porco Napoleão), Conselheiro manipulador (Porco Garganta), o crítico inconsequente (Porco Bola-de-neve) , a massa alienada (Ovelhas), o trabalhador incansável (Cavalo Sansão), Negociadores (Ratos), os mandamentos originais, os mandamentos deturpados, o centro de poder antigo tornado-se novo centro de poder, as execuções e a esperança.

Juntando tudo isso a uma narrativa veloz, temos uma obra-prima.

Destaques:
O personagem:
Garganta, sujeito-porco responsável pelas manipulação dos fatos, artista do convencimento, está sempre pronto para dirimir qualquer dúvida sobre o comportamento de seu mestre Napoleão.

A passagem marcante:
A discussão entre Bola de Neve e Napoleão, sobre os rumos da revolução, fazendo uma referência clara a disputa entre Trostki e Stálin, sobre a Revolução para o mundo e Revolução em um país só. A cena acaba com a expulsão de bola de neve e a consolidação de napoleão como líder despótico da fazenda.

A frase do livro:
Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.

7º mandamento do animalismo


Informações Técnicas

O título do livro original: Animal Farm, 1945

Autor: George Orwell (1903-1950)

Adaptações para outras mídias: Dois filmes homônimos, um de 1954 e outro de 1999. Também existe um albúm do Pink Floid, chamado Animals que faz referências ao livro.


Downloads:

Obra completa:



Revolução dos Bichos - George Orwell



As festas, de Luís fernando Verrísmo

Aproxima-se a perigosa época das festas. O Natal e o Ano-Novo, como se sabe, despertam os melhores sentimentos das pessoas, e isto pode ter conseqüências terríveis. São conhecidos os casos de paixão, alguns até terminando em morte, que começaram em festas de fim de ano, na firma, quando o espírito de conciliação e congraçamento leva as pessoas a baixarem a guarda e aceitarem o que normalmente não aceitariam e a fazerem o que, no resto do ano, nem pensariam, ainda mais depois de beberem um pouco. Nada mais embaraçoso do que, no segundo dia do ano novo, ter de tentar desfazer algum equívoco do fim do ano anterior.
— Dona Teresa, eu...
— Pintinho!
— Pinto. Meu nome é Pinto.
— Humm. Como nós estamos mudados, hein? Na festa...
— Era justamente sobre isso que eu queria lhe falar dona Teresa. Na festa. Algumas coisas foram ditas...
__Só ditas não, não é, Pintinho?
— Pinto. Pois é. Ditas e feitas, que...
— Já sei. Vamos fingir que nada aconteceu.
— Eu preferiria.
— Muito bem. Só não sei o que vou dizer ao papai.
— O que que tem o seu pai?
— Ele está vindo de Cachoeiro para o casamento.
Outra coisa perigosa é a pessoa se entusiasmar no fim do ano e decidir mudar. Ser outra pessoa. Deixar velhos vícios e adotar novas atitudes, ou recuperar algumas antigas. Janeiro, ou pelo menos a sua primeira quinzena, é uma espécie de segunda-feira do ano. As ruas ficam cheias de novos virtuosos, pessoas resolvidas a serem melhores do que no ano passado.
— Olhe.
— O que é isso?
— Aquele livro que você me emprestou.
— Eu não me lembro de...
— Faz muito tempo. E, na verdade, você não emprestou. Eu peguei. Eu costumava fazer isso. Nunca mais vou fazer.
— Você pode ficar com o livro. Eu...
— Não! Ajude a me regenerar. Quem fazia essas coisas não era eu. Era outra pessoa. Um crápula. Decidi mudar. Este sou o eu 2006. Comecei devolvendo todos os livros que peguei dos amigos. Acabou com a minha biblioteca, mas que diabo. Me sinto bem fazendo isto. Outra coisa. Precisamos nos ver mais. Eu abandonei os amigos. Abandonei os amigos! Olhe, vou à sua casa este sábado.
— Não. Ahn...
— Prometo não roubar nada.
— Não é isso. É que...
— Já sei. Vamos combinar um jantarzinho lá em casa. A Santa e eu estamos ótimos. Fiz um juramento, na noite de ano bom. Que me regeneraria. E ela me aceitou de volta. Há dois dias que não olho para outra mulher. Dois dias inteiros! Isso era coisa do outro.
— Sim.
— Do crápula.
— Sei...
— Eu era horrível, não era? Diz a verdade. Pode dizer. Uma das coisas que eu resolvi é não bater mais em ninguém. Era ou não era?
— O que é isso?
— Como é que eu podia ser tão horrível, meu Deus?
— Calma. Você está transtornado. Vamos tomar um chopinho.
— Não! Não posso. Jurei que não botaria mais uma gota de álcool na boca.
— Mas um chopinho...
— Está bem. Um. Em honra da nossa amizade recuperada. E escuta...
— O quê?
— Deixa eu ficar com o livro mais uns dias. Ainda não tive tempo de...
— Claro. Toma.
— E vamos ao chope. Lá no alemão, onde tem mais mulher.

Não gosta de natal, faça que nem o capitão nascimento:
http://charges.uol.com.br/2007/12/22/capitao-interroga-papai-noel/

O homen trocado, de Luís fernando Verrísmo

O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desta operação...
- Por quê? Não havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
- E o meu nome? Outro engano.
- Seu nome não é Lírio?
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar nauniversidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mêspassado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
- O senhor não faz chamadas interurbanas?
- Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por quê?
- Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou, hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.
- Não era para trocar de sexo?

21 dezembro, 2008

Crise Econômica

"A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem."

Antonio Gramsci

Brasil e a ineficácia



Mais uma daquelas comparações entre países, em tempos de Tecnologia da Informação, e apesar de ser (casualmente...) entre Brasil e Japão, a história vem da ensolarada Califórnia, nos Estados Unidos, transmitida pelo William Peel Poulin em 29/10/1999:
"Conta a história que, em 1994, houve uma competição entre as equipes de remo do Brasil e do Japão.
Logo no início da competição, a equipe japonesa começou a distanciar-se e completou o percurso rapidamente. A equipe brasileira chegou à meta com uma hora de atraso.
De volta ao Brasil, o Comitê Executivo se reuniu para avaliar as causas de tão desastroso e imprevisto resultado e concluiu:

* A equipe japonesa era formada por um Chefe de Equipe e 10 remadores.

* A equipe brasileira era formada por um remador e 10 Chefes de Equipe. A decisão passou para a esfera do Planejamento Estratégico com vistas a realizar uma séria reestruturação da equipe para o ano seguinte.
Em 1995, logo após a largada da competição, a equipe japonesa logo distanciou-se e, desta vez, a equipe brasileira chegou à meta com duas horas de atraso. Uma nova análise das causas do fracasso mostrou os seguintes resultados:

* A equipe japonesa continuava com um Chefe de Equipe e 10 remadores.

* A equipe brasileira, após as mudanças introduzidas pelo pessoal do Planejamento Estratégico, era formada por:

Um Chefe de Equipe

Dois Assessores de Chefia

Sete Chefes de Departamento

Um remador

A conclusão do Comitê que analisou as causas do novo fracasso foi unânime:

O REMADOR É UM INCOMPETENTE!!!
Em 1996, uma nova oportunidade de competir com os japoneses se apresentou. O Departamento de Tecnologias e Negócios do Brasil pôs em prática um plano destinado a melhorar a produtividade da equipe, com a introdução de mudanças baseadas na nova tecnologia e que, sem dúvida nenhuma, produziria aumentos significativos de eficiência e eficácia.
Os pontos principais das mudanças eram o "resizing" e o turn-around" e, sem dúvida, os brasileiros humilhariam os japoneses. O resultado foi catastrófico, e a equipe brasileira chegou à meta três horas depois dos japoneses!!!

As conclusões revelaram dados aterradores:

* Mantendo a sua tradição, a equipe japonesa era formada por um Chefe de Equipe e 10 remadores;

* A equipe brasileira, por sua vez, utilizou uma formação vanguardista, integrada por:

Um Chefe de Equipe

Dois Auditores de Qualidade Total

Um Assessor especializado em "Empowerment"

Um Supervisor de "Downsizing"

Um Analista de Procedimentos

Um Tecnologista

Um "Controller"

Um Chefe de Departamento

Um Controlador de Tempo

Um remador
Depois de vários dias de reunião e análise da situação, o Comitê decidiu castigar o remador e, para isto, aboliu "todos os benefícios e incentivos em função do fracasso alcançado".
Na reunião de encerramento, o Comitê, fortalecido com a presença dos principais acionistas, decidiu: "Vamos contratar um novo remador, mas utilizando um contrato de Prestação de Serviços de Terceiros, sem vínculos trabalhistas, para não termos que lidar com o sindicato que, sem dúvida nenhuma, degradam a eficiência e a produtividade dos recursos humanos".
Em 17/8/2001, a mesma história foi enviada à lista de debates Novo Milênio pelo internauta santista José Carlos Santana Cardoso, como repasse de mensagem enviada por Mary Hellen, com o adendo explicativo:
"Agora o pior:
Essa história veio dos EUA, e foi apresentada por um professor da Universidade de Maryland, sobre a administração no Brasil, como piada em sala."
Encontrei este texto no site Novo Milênio:
Porém o pior de uma piada como essa é reconhecer empresas que atuam com a mesma cegueira gerencial.

20 dezembro, 2008

Só o google salva...


Em tempos que o google aparece com uma força construtiva e destruidora ao mesmo tempo, parece cada vez mais usual ser dependente dele, mas se você acha que a charge acima é apelativa e descabida que tal a charge do Maurício Ricardo, do Charges.com.

Lá vai o link:
http://charges.uol.com.br/2008/09/04/cotidiano-achou-a-fe/

Impagável.

Onde estão os ícones?

Quem já não se pegou escrevendo em uma folha de caderno e teve reação parecida?
Sabe aquela sensação de que a vida seria mais fácil, se houvesse o CRTL+Z e o CRTL+V, instalado no seu caderno.

A TV fica cada vez mais fininha....


Era para ser só diversão, mais resolvi postar dois textos interessantes para todos nós lermos.

Um texto bem burocrático, porém explicativo
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?303
Um texto mais objetivo
http://cyberdiet.terra.com.br/cyberdiet/colunas/030516_nut_mandamentos.htm