04 julho, 2012

UM NOME PRA CHAMAR DE MEU


- Moça, um momento, ‘cê escreveu seu nome errado.
- Onde?
- Aqui, ó. Colocou um... Como chama mesmo esse negocinho?
- Apóstrofo.
- Esse daí não era o que seguia Jesus?
- Não, esse [na verdade, “esseS”] era “apóstolo”. Esse daqui é “apóstrofo”.
- Ah, ‘tá. Bem, em todo caso, ‘cê colocou um a-pós-tro-fo no seu nome.
- Sim. E não ‘tá errado. Meu nome é assim mesmo.
- “L’aura”?!
- É.
- E como pronuncia?
- “Laura”.
- Do mesmo jeito como se não tivesse?
- É
- E por que tem, s’é a mesma coisa?!
- Coisa dos meus pais.
- Humm... Sabia que seu nome pode dizer muito de você, da sua personalidade?
- Acho meio difícil, já que não fui eu quem escolheu esse nome.
- Ah, mas ‘cê tem um segundo nome, “Maria”. Poderia usar esse, mas prefere o “L’aura”.
- ‘Tou habituada a ser chamada por esse nome desde sempre.
- Sim, mas e a adolescência? Foi a sua chance de se revoltar contra todos! Principalmente contra tudo que seus pais lhe deram.
- Moço, nunca vi motivo pra me revoltar contra meus pais. E eu gosto do meu nome do jeito qu’ele é.
- Viu? O seu nome diz muito da sua personalidade.
- O senhor poderia, por favor, me entregar o canhoto de comprovação de inscrição? ‘Tou apressada.
- Aqui ó.
- ‘Brigada!
- De nada e até mais... Maria!

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