02 março, 2009

PROMETEU SEM PROMESSAS

Do que é feito o amor?
De onde vem sua infalível chama?
Como resistir ao torpor,
De se ter, enfim, a quem se ama?

Eu não sei. Nem mesmo ligo.
Meu amor era azêmola,
Filho torto de Sísifo.

Quando acordava, tecia seus poemas
(Amargos doces do destino),
Ao dormir - grande hiena,
Devorava meus sentidos.

Ao entrar, perfilado, paria-me esperanças.
Ao sair, jeremíaco, deixa-me às traças.
Ele novo – eu criança.
Ele longe – aonde graça?

2 comentários:

Breno Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Breno Alves disse...

Caríssimo amigo,
Lindo poema, cheio de referências, uma métrica invejável, uma tônica incrível... Tudo o que nunca pude fazer por extrema preguiça (ou, para ser menos duro comigo mesmo, o amor ao "verso livre"). O tema grego é interessante, me lembra muito as odes antigas, mas não é muito a minha praia... Aliás, meus poemas, que irei publicar em breve, tem esse ranço de coisa extraída de fendas insondáveis de consciência, como muito do que escrevo em literatura...
Tudo muito belo, mas escreva, escreva muito, porque essa fome não passa, apenas é amenizada por aquilo que extraímos de nós. Pra mim, o verdadeiro texto é o que vem limpo de nós, sem gorduras, sem arestas, sem nesgas, enxuto e seco como se fora exposto ao sol, mas límpido e encharcado de nós, de nossa humanidade...
Grande abraço!