26 janeiro, 2009

A LATA

Dois amigos – críticos de arte – caminhavam pelo Museu, analisando e discutindo todas as obras. Quando estavam passando pelo corredor a caminho do próximo saguão, se depararam com uma peça que os surpreendeu.

- Marcos, veja que peça fantástica!! – disse um deles.
- Nossa, é realmente fantástica, Albert! – concordou o amigo.
- Claro que não é de vanguarda, mas ela exala revolução! Pode não ser inovadora, mas arrisco dizer que é transformadora.
- Estou fascinado! O artista se expressa claramente através da contracultura. Essa obra é densa, mas ao mesmo tempo é clara!
- Com certeza é prole do Dadaísmo. Há uma forte influência de Marcel Duchamp. Até podemos dizer que esta peça é uma parente distante da “Fonte”.
- Claro, claro! Mas, além de Marcel, me lembra também “Luxo” de Augusto de Campos. Você recorda?
- Sim, sim! É provável que “Luxo” tenha influenciado esta obra. Mas não podemos negar que está “impregnada” de Duchamp.
- Está impregnada de sujeira e mau cheiro. – diz um senhor que observava a conversa dos dois.
- O que você quer dizer com isso?! – pergunta Albert, surpreso.
- É! O que você quer dizer com isso?! – Marcos repete a pergunta.
- Que isso está sujo e fede, ora!
- Você é crítico de qual revista??!!
- Eu? De nenhuma, senhor.
- E quem você pensa que é para criticar essa obra de arte? – pergunta Albert de forma teatral.
- Eu sou o zelador do museu, e tenho que recolher o lixo dessa lata aí que os senhores estão admirando, e colocar a lata de volta no banheiro masculino. Se os senhores me derem licença... Isso. Obrigado!

A procura incessante


Caro leitor de blogs, azarado por natureza, provavelmente nasceu já inserido na web e provavelmente não chegou a ler livros em sua versão original, ou melhor em sua versão de papel.

Amigo ou amiga anônima, que se diverte com textos bem ou mal escritos escritos, seja pela qualidade ou pela originalidade, perde noites em claro buscando o santo graal dos blogs, aquele blog que irá lhe entender, pois será divertido sem ser vulgar, será inteligente sem ser intelectual, será moderno, porém real, o super blog, o blog divino.

Você passará horas e mais horas na frente dele, perderá projetos importantes no trabalho, amigos deixarão de conversar com você ao vivo, sua família perderá contato, até seu cachorro morrerá de fome devido a sua ausência existencial.

Mas tudo será recompensado pelo novo post, perfeito como sempre. Único, pelo menos pelos os próximos trinta segundos.

19 janeiro, 2009

Beijo


Beijo
Um desejo,
Expressão do coração
Ou de uma mente apaixonada

Ato conjunto
Forma de corações
Apaixonados se comunicarem

A cada Beijo
A ânsia e o desejo
De aproximar os corações
Corpos
Almas
Mentes

Início da união
De dois
passando a um

Pode durar
Mas quem liga para a duração
Se o beijo é dado
Ele nunca mais será tirado

QUAL A DIFERENÇA?

Não entendo o porquê de tanto estardalhaço, devido o presidente dos Estados Unidos ser negro. Os líderes dos países da África também são negros e ninguém fala nada.

Vai entender...

AUTO-AJUDA

Dentre tantas coisas que me aborrecem [que são muitas], os livros de auto-ajuda, com certeza, estão entre elas.

Partindo da idéia que estou “ouvindo” os conselhos do escritor [do livro de auto-ajuda], então, deixa de ser auto-ajuda e passa a ser uma espécie de – digamos – consulta.

Como é que pode uma pessoa dizer qual é a melhor forma como eu devo agir para melhorar completamente a minha vida? Alguém pode até defender utilizando do argumento que os sentimentos (dor; amor; ódio; tristeza e etc.) são iguais em todas as pessoas. Porém, eu rebato dizendo que, cada ser expressa esses sentimentos em maior ou menor intensidade. E é justamente isso que nos faz tão complexos, é a nossa “particularidade”.

Aí, vem uma pessoa que não me conhece, provavelmente não compreende a minha cultura, não acompanhou a minha formação, e diz que basta eu sorrir e dizer “obrigado”, que o mundo – misteriosamente – sorrirá de volta pra mim.

Não, o mundo real e as pessoas reais que vivem nele são um pouco mais complicados que isso.

Ele [escritor] pode até entender a mente humana partindo do pressuposto de um comportamento padrão, mas a mim, minha alma, minha essência, ele não tem como compreender, portanto, não deve me dizer o “modo correto” de agir.

Não estou dizendo que, esses livros não servem para algo, mas as pessoas é que ainda não entenderam que a felicidade não está na prateleira de uma livraria aos montes e na sua 25ª edição.

Enquanto lêem esses livros aprendendo como se deve viver, elas esquecem de viver realmente, e só confirmam o quanto não conseguem se “auto-ajudar”, sempre procurando conselhos de um guru que, esse sim, soube se auto-ajudar, afinal, para isso os livros serviram, para enriquecê-lo.

Mais uma vez, quero esclarecer que não falo isso em detrimento dos livros, pois sou defensor do pensamento que toda leitura tem sua importância. Basta que, você, saiba “filtrar” as informações que lhe serão necessárias. Isso sim, seria auto-ajuda. Ou seja, você, procurando nas suas experiências de vida o melhor modo de enfrentar a situação.

Se prender a esses livros seria o mesmo que se anestesiar para não sentir a dor, ao invés de conhecer o mal que lhe assola e tomar o medicamento que combateria a doença.

Mas no final das contas, o mais estranho é que a medida que vejo meu texto desenvolvendo, deixo de “atacar” o livro de auto-ajuda e adoto a postura de conselheiro, dizendo como as pessoas devem proceder diante desses livros. Vai entender, né? Talvez seja uma necessidade humana, dar pitaco na vida alheia...

Em julho, peixe come verdura?

O escritor Jorge Pieiro encontra o Eu e a partir dele viaja e volta, de leste a oeste, e descobre que aqui é qualquer lugar

O que é útil e mesmo necessário ao homem está ao seu alcance, mas o que ele admira sempre é o inesperado. (Longino)

O prumo literário de Eu é o de um anarco-surrealista em busca de uma dose de absinto. Sinto que não pode ser tão fácil assim para ele correr nessa raia insana. Ana - uma Bolena qualquer desta Fortaleza - um dia olhou para olhos vermelhos de Eu, que lhe perguntou se já havia realizado alguma viagem ao incerto da terra, tendo como guia aquele Rick Wakeman já sem longo cabelo. Belo foi o espanto dela. Ela se mostrou resistente à resposta. Posta na mesa a dúvida, foram consumidos alguns relatos de Eu sobre viagens reais ou delirantes e, solta no ar, a questão-título desta crônica, talvez para fisgar qualquer atenção. Tensão, pois, ao admirável inesperado.

viagem viagem
Na BR-116 Eu trafegava em um Passat bege. Viera resmungando mantras desde o susto na barreira rodoviária. Sentia a força misteriosa que lhe sacudia o tronco, aqueles sons de vaca sagrada que imaginara ter ouvido numa sessão de ioga. Apropriara-se do delírio inusitado e imaginara estar piloto de um disco voador ali pelas alturas da Aerolândia. Psicodelismos sem incentivos externos - afinal, endorfina misturada com adrenalina servem para provocar isto mesmo - quase o levaram ao êxtase. Mas todo cuidado é pouco, apesar de que a imaginação é uma arma muito decente... E Ana achou graça. Nunca passara por aquilo...

de leste a oeste
Tanto fez, se a bordo de uma camionete com aimarás na fronteira do Peru, ou no furgão de um ex-refugiado em Tiahuanaco, ou nas asas da Lloyd Aero Boliviana, ou na canoa sobre o Titicaca, ou no trem da morte desde Puerto Suárez, ou no táxi para a Estação da Luz, ou no jeep vermelho em Bamberg, ou no Antonov 26 rumo a Cayo Largo, ou no trem a partir da Estación de Chamartín, tanto fez, se todos os caminhos terminaram ante o boi de pedra de defronte ao saguão do velho Aeroporto Pinto Martins, nas cercanias da Lagoa do Opaia, habitat do sapo-cururu ancestral. Voltar sempre foi um dilema. Esta Fortaleza, pensou Eu, é uma concha semi-lacrada, a falsa cela de Bárbara de Alencar no Forte Schoonenborch... E Ana sorriu desconfiada. Jamais imaginara tantos caminhos e nenhum destino...

daqui pra lá
Com um Evan(gelista), um viagem épica. Dois dias em um fusca amarelo rumo a Teresina. Fumaça, fome e farra. Mais fumaça e fome que farra. Viajar em todos os sentidos era o que dava o tom. Daqui pra lá, festa. De lá pra cá, cansaço, desespero, arrependimento. Eu não tinha mesmo o que fazer. Não bastasse, logo em seguida, o primeiro vôo, quase direto ao Geraldão, em Recife, para o rock progressivo do Rick. E, sem perder o rumo, salto distante à capital do Brasil para -ter-o-que-fazer na "Caminhada da Lua". Sem contar a loucura do semi-leito rumo a Belém, só para Ver-O-Peso... E Ana entortou o canto da boca, sem jeito, como se quisesse perguntar por que Eu voltava sempre...

o sem terno retorna
Eu ia todos os domingos ao centro Sobral da terra e retornava todas as terças à desalmada capital. O ônibus, ida e vinda, era nauseabundo e ninguém sentia. O povo era bom, mas não sabia disso direito. Nos terminais, em um, os pobres eram soberanos, como soberano fora o historiador e poeta Antônio Bezerra. No outro, Eu não entendia como podia ser tão fétido o caminho do alívio - dos ricos? E o engenheiro João Thomé certamente era só vergonha, onde estivesse. Uma amiga de Eu, pretendia um povo limpo!", apesar dos "pobres", mas também dos lixinhos jogados de Pajeros pretas dos que dizem pagar impostos, sic, para ter direitos...

aqui é qualquer lugar
Eterno é o retorno à convulsão... Eu sabe: de paz e sanidade é do que ele e esta Fortaleza necessitam... Para aquela Ana, Eu findara por admitir que a verdadeira viagem fora a daquele instante férias: ao coentro da guelra do peixe saboreado no Zé do Mangue, tardezinha de garças, de cheiro forte de chão e lama, de lua beirando a profana alegoria, de coração em pólvora, enfastiado de tantos problemas e de certas incertezas do cotidiano.

Crônica de Jorge Pieiro, Cearense, Escritor e Professor

15 janeiro, 2009

Inglórias e Eu nas alturas desfiadas

Dar-te-ei tudo isto, se prostrando-te diante de mim, me adorares. (Mat 4, 9)

O homem pós-moderno é muito mais insensível do que o moderno! Revitalizando as palavras de Anatole Baju em seu Manifesto Decadente, de 1886, Eu sacode os ombros e decide sofrer as verdades desta vida destoante. Apóia-se no silêncio e enfia-se em escadas invisivéis rumo aos píncaros, de onde a queda é mais grave.
Na verdade, Eu revive conflitos. Paradoxos e barroquismo. Ou fantasia a serenidade e transforma-se em nefelibata - aquele que anda ou vive nas nuvens. Daí todo esse cortejo de experiências sendo reavaliado. Trazendo no peito a marca dos angustiados, Eu experimenta a tentação de ser alevantado às alturas, porque aqui por baixo ninguém mais se atura, nem em prosa ou em verso barato.
Pouco a pouco, desanovela o fio do nó da garganta... e esta Fortaleza - bela? -, das alturas, vai diminuindo de tamanho, visível por todos os lados, parecendo linda, pura, insana, confirmando a lógica perversa do de-perto-ninguém-ou-nada-é-normal, e vai se desanuviando, se renunciando...
Eu respira fundo, transporta-se a outro tempo e lugar, e sente a primeira vertigem. Volta ao lugar de nunca mai. E do alto da torre da igreja de Santo Antônio, escalada furtivamente, entre morcegos, cheiros de vela e sombras da mente , uma coleção de Carlos Zéfiro acentua o primeiro desejo. e no olhar distanciado e satisfeito ao alto de um prédio ao largo, uma velha águia repousa, como se estivesse crucificada, sobre o globo terrestre. Profanando a sua própria história, Eu imaginava a ave defecando pedrinhas sobre o mundo...
Passe mágico, Eu veste-se de medo, desta feita no alto da coluna da hora na praça Capitão João Ennes, perseguindo o rastro de uma gosma existencial deixada pelos ponteiros em sua vertigem eterna. Muito além, a Chapada do Apodi e seus escarros de poeira vermelha firma-se como um altar de sacrifícios. Tonto, Eu parecia ruminar verdades em alguma cadeira a balançar no alto de uma roda gigante do Parque Brasil.
Veio, então, a vez de sobrevoar outra mesma divindade. Eu, filho de Nossa Senhora da Assunção, desviou seu carinho profano para Nossa Senhora da Conceição. Limoeiro do Norte passou a ser um monóculo escondido na gaveta, quase a doer, e as cores de Fortaleza, vistas de cima, era quase encantada pelos pontos luminosos salpicados da arte de Zé Tarcísio, e forjaram espinhos na garganta de Eu. Mas era só miragem...
Eu não pretendia ser universal cantando a mirrada aldeia ou a desgastada Aldeota, mesmo porque todos os lotes do senso comum eram clandestinos. O poeta exilado desta paragens Adriano Espínola já se manifestara do alto do Hotel Savanah, em 1982, ao lançar sobre a cidade, literalmente, seu desagravo , celebrando a urbe e a vida contemporânea, movida pela economia liberal-burguesa-consumista.
Eu não expressaria seu horror diante da torre da TV Cidade, quando ali do alto o malfado filho do mundo, entre a angústia e a desilusão, ouviu os gritos, grito de Münch avesso e deturpado, de uma canalha sem coração: "Pula, pula!" Quanta expressão de dor nos sons daquela audição escura, latente, terrifica, revelada por Augusto César Motta em trilha de filme nunca realizado!
Eu não desistiria do calabouço invertido dos céus em cenas de indizível prazer, em retornos desde Lima, Lommel, Havana, Quillacollo, Kolscheidt... Eu só não queria a vida desse jeito, Abel Silva, asa partida... Eu só queria sonhar ou voar mais livre, sem o chumbo nas asas, sem o sol de Ícaro, sem o fim dos desejos.
Do alto deste edifício, moço, Eu apenas ansiaria o verde que se raspa das margens do Cocó; rogaria uma luz mais nítida, a clarear novas imagens coloridas, enfeitando mais uma vez o Morro Santa Terezinha; pediriria uma cruz mais viva para realinhar em novo tempo Pnzon e Diogo Lepe, nas dunas da Barra do Ceará...
Mas o homem pós-moderno é muito mais insensível! E este chão de nuvem transforma Eu em assasino da própria dor. E a vertigem se dá mesmo é no chão, por este chão de asfalto irregular, por estas vielas inchadas de mistérios e algozes, por esta falta de educação latente pelas ruas e calçadas.
Insensível, embora uma réstia de esperança ainda se produza, Eu sabe que esta ausência de certezas e de cidadania e o jogo premeditado de todos os jeitinhos recebem de braçoa abertos a fina flor da sociedade que se esmera em produzir o lixo da aldeia.
Não pela reminiscência lúdica em um chão de barro e piões e bolinhas de gude e chuva e lama, mas pelo chumbo de um céu caindo spbre as cabeças, este inglória é o que mais implora o que resta desse Eu consumido, prostrado diante de nadas.

Crônica de Jorge Pieiro, Cearense, Escritor e Professor

12 janeiro, 2009

Sete quedas ou quase duas

Jorge Pieiro
Eu já levou muitas quedas na vida. de bicicleta Monareta ou sobre seu cavalo de ferro, pelos sertões ou no final das farras homéricas

Se existe razão de orgulho em meu passado, é que me tornei prisioneiro, e não soldado. (Joseph Brodsky)

Uma monareta verde foi o presente mais importante da vida de Eu. Aprendera muito cedo a andar sobre duas rodas e era até metido a realizar piruetas, mas não era tão ágil como Wilsinho ou Maninho, saltando do alto da pista-calçada da Igreja Matriz sobre um monte de areia. Na verdade, tinha era receio de estragar o presente dado pelos pais, por conta daquele sacrifício tão natural a famílias de dinheiro contado.

Mas não se fez de rogado uma vez e pediu emprestada a cobiçada monareta descascada - sem pára-lamas, sem porta-corrente, sem freios... - para o primeiro salto em direção ao... monte de areia quase metido narinas, ouvidos e goela abaixo, repercutido sob a vergonha daquelas vaias estrondosas só mesmo bem aplicadas pelas gargantas dos cearenses genuínos. A primeira queda a gente nunca esquece...

Distante da terra das bicicletas - a que quase fez o “videomaiquer” e fotógrafo Tibico registrar cenas no que seria o documentário Limoeiro, Amsterdã e Pequim - Eu até tentou pedalar pelas ruas soturnas da Terra do Sol, na época em que centenas de “baiques” interrompiam a calada com um desfile de fazer inveja a qualquer palco do mundo “fexion”. Mas não. A “baique” era peba e um desaviso levou Eu a espatifar-se em plena Duque de Caxias, quase bueiro a dentro.

Um dia daqueles distantes ainda, bateu uma vontade imensa de possuir uma Garelli. A tia ficava sem jeito, de tão cuidadosa, de quase negar uma volta ao sobrinho em seu motociclo amarelo... Quase por isso Eu jurou diante do espelho que um dia teria uma igual. Mas quando conseguiu juntar dinheiro, comprou do primo, Pote, de segunda mão, uma RX 125 marrom, Yamaha, com a qual ficou dormente logo na primeira semana, após, sem experiência nenhuma, engolir duzentos quilômetros de asfalto... Com a Honda vermelha já era mais hábil. Com a NX preta, metida a grande sem ser... Também, pudera, em companhia de Domingos, Catatau, Soldado e tais, não passava de militante de um bando de sabotadores de sanidades, gafanhotos de trilhas e da pista por trás da birosca de Zé do Peixe, na praia que nunca chega ao futuro.

A primeira queda veloz Eu também nunca esqueceu. Capacete não era ainda obrigatório, quanta irresponsabilidade! Todas as manhãs, saindo da Adolfo Herbster, pegava a Jovita rumo ao campus do Pici. Naquela, caíra um sereno suficiente para deixar o chão suado. A mãe, parece ter parte com os mistérios, comentou sem convicção, “vá de capacete, choveu...” Eu foi. Pois não é que inadvertidamente uma Brasília cruzou o caminho, deixando a motocicleta empurrando a porta traseira, enquanto, no auge do vôo, ouvia-se: “é um pássaro, é um avião” e não passava de Eu borbulhando no ar até se esborrachar sobre a bolsa de couro nas pedrinhas do asfalto... Quase uma fatalidade.

Mas as descaídas que contam mais foram aquelas irresponsáveis. Como por exemplo, a do retorno, já com o sol clareando, vindo do Estoril, excesso de cuidado que facilitou o sono do anjo da guarda. Numa passagem de nível, próxima à Francisco Sá, os olhos se embuçaram e o que restou foi a roda dianteira presa, acompanhada de rabiçaca da traseira, como se o cavalo de ferro se enfastiasse do dono da sela. E tome chão... Mas desta vez ninguém viu.

Ou aquela clássica, alta madrugada de soluços e imagens duplas, final da 13 de Maio, quando Eu, delirante, imaginou estar diante de um caminhão do lixo, boca de ferro engolindo tudo, e ele seria o próximo. E nesta fração, toda a convicção destinou-se ao freio a disco da dianteira. Não deu outra. Chão, farol e cotovelos integraram-se por um instante. Mas o melhor (ou pior?) estava por vir. Uma Kombi parou ao lado, um perguntou se estava tudo bem. Foi muito chato para aqueles improvisados anjos de resgate ouvirem o gracejo de Eu, perguntando: “Gostaram da queda?” Minha mãe que me perdoe o que ouvi...
Sem contar os acidentes que não aconteceram, mas poderiam ter transformado Eu em um montículo esponjoso de carne ralada. Por exemplo, a insânia de chegar novamente à capital pilotando uma 400cc, desde Juazeiro do Norte, passando por uma chuva de quase granizo sobre a flor da pele negra... Uma pedrinha ali desavisada seria quase um bicho sem proporção. Ou aquela descida da Serra de Baturité, até ficar sem freios na curva... A sorte veio da bananeira no caminho, melhor que qualquer pedra... Até a desistência de querer viver quase perigosamente, depois da inocente derrapada em óleo, na curva do viaduto, rumo a Messejana.

Ó tempos de Eu entre quedas e sorguimentos! Ó seleta expressão metafórica que cabe àqueles que se largam em perigos disfarçados de liberdade! Ó sonhos mal desenhados que despertaram sem seqüelas!

Pois foi dessa maneira que, sobrevivente, cedo da manhã, em plena Bezerra de Menezes, há poucos dias, Eu contou 28 motos e 17 bicicletas numa arrancada só, em direção ao centro da cidade. Entregues aos impulsos do vento e aos perigos do tempo, eles corriam em busca do pão a amassar na lida do dia. Eu ficou de memória, recordando, estarrecido, quase imóvel durante um segundo, até ser xingado entre buzinas, por não atentar para o sinal verde, sem mais nenhuma esperança, que o arrebatou daquele transe para a dura realidade da má educação e da intoxicada loucura das gentes... Em busca de quê?

Crônica de Jorge Pieiro, Cearense, Professor e Escritor

01 janeiro, 2009

Feliz Ano Novo

Ano Novo chegando
Chegand
Chegan
Chega
Chegou

Ao mesmo tempo em que esperamos ansiosamente este novo ano,
Lembramos das alegrias e das tristezas do ano que passou,
Esperando profundamente que no ano que chega
Aconteça o melhor de todos os outros anos

Para desejar um ano novo melhor,
Uns fazem superstições,
Outros oram e
Outros apenas se divertem.

Desejo a você um Feliz Ano Novo
Paz, Amor, Alegria, Saúde e Felicidades
Mas não só desejo-lhe isso por nascer um ano novo

Espero que este sentimento se transmita todos os dias de nossas vidas
Pois não só temos o ano novo para desejar felicidades e melhoras
Temos todos os dias,
Pois um novo dia se faz a cada dia

Dia no qual procuramos alcançar a nossa felicidade
E a dos outros,
Pois a felicidade completa se faz
Quando sentimos transbordar a felicidade nas pessoas ao redor
Disseminemos essa Felicidade

E assim alcançaremos a paz
Que tanto almejamos

Feliz Ano Novo
Carpe Diem