10 abril, 2009

Fragmentos.


Acabou. Quebrou-se como porcelana jogada ao chão. Quem diria que aquele encanto mágico ia chegar ao seu último suspiro. Até parecia que eles tinham sido feitos um para o outro.
Morreu, de forma súbita...um pequeno erro no cálculo e tudo veio por água abaixo.
Dispersou-se, como uma pequena quantidade de areia jogada ao nada. Acabou.
Ela dara para ele seu bem mais precioso e ao mesmo tempo o mais frágil, ela dera o seu coração de cristal. Ele o tomou para si, prometendo então cuidar como se estivesse cuidando da própria vida.
Ela por um descuido, e palavras mal colocadas em um momento inoportuno, despertou a ira do amado... ele por vingança e com ódio nos olhos tomou o pobre coração de cristal nas mãos, olhou-o uma última vez e friamente deixou-o cair.
Mil pedaços, assim ele ficou. Mil cacos, assim ele o deixara. Sem dor e nem piedade saiu de cena, e como se não bastasse pisou em cima de todos os fragmentos para ter a plena certeza de que fizera o trabalho completo.
Houve um silêncio...uma pausa...
Ela por sua vez ainda estava em choque, procurando de alguma forma se agarrar a uma ilusão que a mostrasse que aquilo não era real. Pobre coitada.
Ajoelhou-se, e fitou os olhos marejados naqueles cacos de cristais brilhantes...cacos do seu até então coração. Mil pedaços, seu coração resumia-se aquilo.
Segurou o choro, e lentamente levantou-se com dificuldade, carregava consigo toda uma dor de um amor mal resolvido.
Aos poucos ela foi juntando um por um dos pedaços, um a um foi colando... emendou um pouco aqui, ajeitou um pouco alí. Depois de muito sacrifício, paciência e principalmente persistência ela terminou de colar todos os cacos...
Quando finalmente sorriu ao ver o resultado de seu tão grande esforço, notou algo...seu coração já não era igual ao que era antes. Ela o aproximou para perto de seus olhos e notou falhas em cada juntura dos cacos, notara marcas...como uma espécie de cicatriz que não vai embora nunca.
Sim, ele tinha inúmeras cicatrizes, mas isso não impediu que o sorriso brotasse novamente dos lábios daquela moça.
Ela aos poucos voltava a ser feliz...aos poucos o brilho de seu coração ia ressurgindo...
E mesmo depois de tudo, ela ainda sonha em entregar seu pedaço de cristal para aquele amor que ela sonha que seja eterno.

(Hosana Lemos)

2 comentários:

Alexander disse...

Bem Hosana, o que há pra dizer de seu texto? Que é preciso e melancólico como todo fim de amor? Que nos traz para perto da dor da despedida? Que mostra a nós, homens, o mal que, invarialvelmente, causamos em vocês, mulheres? Não, não há nada a dizer sobre seu texto, ele tem a incômoda caracteristica de ser completo e emocionante.Parabens.

J. Felipe disse...

Elogios ao seu texto são imensos, mas do que posso descrever. Trouxe a tona o que acontece a todos no triste fim de um tempo amoroso. Mostra que nos recuperamos, entretanto ainda a cicatrizes que não se curam mesmo colando e remotando nosso corações, almas e mentes. Ao cair parte do que somos acaba virando pó. E quando vira pó, do pó não sai mais.
Parabéns e muito obrigado por prestigiarnos com seus textos aqui.