22 abril, 2009

TOP FIVE: MEUS VERSOS MALDITOS!

Um bom verso é aquele que conseguimos plagiar. Um ótimo verso é aquele que tentamos roubar. Mas um maldito verso é aquele que jamais conseguiremos suplantar ou esquecer. Pois em cada uma de suas letras esta impresso tal grandeza simbólica, que nos ajoelhamos (de raiva e torpor) diante de tamanha perversidade. A seguir os meus 5 versos malditos ... quais são os seus?

5º Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... Não cante / O humano coração com mais verdade.../ Amo-te como amigo e como amante / Numa sempre diversa realidade.

Vinicius levou sua máxima “que seja eterna enquanto dure” às ultimas conseqüências e como resultado casou 9 vezes, viajou muito, bebeu muito (mais) e pariu alguns dos mais belos versos da musica (e literatura) brasileira.

4º O Quereres
Onde queres revólver, sou coqueiro / E onde queres dinheiro, sou paixão /Onde queres descanso, sou desejo /E onde sou só desejo, queres não. /E onde não queres nada, nada falta /E onde voas bem alto, eu sou o chão / E onde pisas o chão, minha alma salta / E ganha liberdade na amplidão...

Tá, eu sei que o Caetano é, provavelmente, o artista mais superestimado do século XX, dono de um pedantismo insuportável e provocador meia boca. Mas convenhamos, nesta canção ele condensa toda a incomunicabilidade das relações amorosas de uma forma sublime e direta, que deixaria Bergman morrendo (!) de inveja.

3º Pedaço de mim
Oh, pedaço de mim /Oh, metade arrancada de mim/Leva o vulto teu/ Que a saudade é o revés de um parto/A saudade é arrumar o quarto/Do filho que já morreu...

Todos os homens gostariam de ser Chico Buarque. Todas as mulheres gostariam que os homens fossem Chico Buarque. Sua obra é quase um receituário psicológico universal: na depressão, ouça Atrás da porta e se mate de vez; na separação invista em Trocando em miúdos e diga adeus; no recomeço da vida vá de Olhos nos olhos e assim por diante....


2º Desencanto
Meu verso é sangue. Volúpia ardente... / Tristeza esparsa... Remorso vão...Dói-me nas veias. Amargo e quente, / Cai, gota a gota, do coração. /E nestes versos de angústia rouca, /Assim dos lábios a vida corre, /Deixando um acre sabor na boca. / - Eu faço versos como quem morre.

“Ontem, hoje, amanhã: a vida inteira, teu nome é para nós, Manuel, bandeira.” È preciso dizer mais?

1º Versos Íntimos
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. / Se a alguém causa inda pena a tua chaga, /Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!

Augusto é o melhor antídoto para todo raio de frescura humana: delírios de grandeza, chororô de desamores, depressão vã, nada resiste a seus versos malignos. Dos anjos? Só se for dos caídos...

2 comentários:

H L disse...

Meu verso é sangue. Volúpia ardente... / Tristeza esparsa... Remorso vão...Dói-me nas veias. Amargo e quente, / Cai, gota a gota, do coração. /E nestes versos de angústia rouca, /Assim dos lábios a vida corre, /Deixando um acre sabor na boca. / - Eu faço versos como quem morre"

ADOREI ESSE!
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João Victor disse...

Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos pra roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Se você não conhece o autor , problema seu (pedido do luís)